domingo, 24 de outubro de 2010

Homônimos


Deixa o amanhã e a gente sorri que o coração já quer descansar. (Los Hermanos)

Te conheci há dois anos. De casaco verde, cabelo meio bagunçado e o jeito relaxado de falar com certa autoridade. Você era quem talvez eu queria outro dia qualquer, outro sábado vazio, outro inverno pra esquentar. Era interessante, era a bola meio murcha que poderia encher e fazer um gol. Mas nada que me fizesse tirar a camisa, sair correndo e vibrar.

Te conheci há dois meses. Era um simples final de uma viagem que duraria alguns segundos a mais. Você tinha uma arma, ou duas, talvez três depois que me acertou. Dançamos, piscamos, sabíamos que mesmo os números trocados não tornaria nossa função simples em uma artimética complexa. Insisti, lembrei dos pássaros, esqueci o boné e estou há dias enjoado de qualquer doce.

Te conheci há duas semanas. Não era pra ser, era para meu dedo podre mais uma vez funcionar. O tipo errado de escolher sempre é o que atrai minha atenção, comanda meu inconsciente tão forte que Murphy certamente o admira profundamente. Mas em meio aquele acidente, nós já estamos lá. Cheguei a subtrair seu poder de existir-ser pra mim e te comparei a metade do que se pode chamar de realização noturna. Se não erro na escolha, erro nas percepções iniciais.

Ser gente grande era dividir risos mesmo que em cenas diferentes, mesmo que por motivos bobos. Era dividir a pipoca, o refrigerante e o espaço entre cada respiração. Era compartilhar o ombro, as pequenas horas e se atrapalhar quando a marcha entrar na terceira. Três encontros, três talvez (não) eternas histórias, mas três laços que homonimamente se cruzam. Talvez os nomes se troquem, se confudam, se arrisquem a ganhar outras organizações ou ao menos um sobrenome que faça a atração seguir por mais tempo.

Texto de Patrick Moraes

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