domingo, 4 de novembro de 2012

Simplesmente existe e basta


I can't take my eyes off of you.
Chris Mann

Escrevi nossos nomes esses dias no vidro do carro, embaçado pelo ar quente que nossos corpos insistiam em gritar. Escrevi porque simplesmente queria nossas letras mais perto, nossos nomes mais íntimos, nossa combinação mais rotineira. Desenhei também um coração no meio. Não era para nos separar, era para unir em um só lugar nós dois.

Noite dessas eu realmente senti que a gente estava conectado por uma energia que nenhum texto conseguiria traduzir. Foi a primeira vez que eu senti nossos corpos se pertencendo de tal maneira que os cosmos jamais poderiam duvidar que a nossa ligação seria para sempre. É, pra sempre e digo sem medo de que isso um dia acabe. Nosso amor se tornou real com as pequenices de cada fim de tarde em meio ao quase deserto de um carro e uma praça. Cresceu nos carinhos dos meus dedos em seu mão suada, no toque macio da sua mão em meu cabelo. Nosso amor é tão concreto que paira em cada sorriso bobo seu, em cada expressão de raiva que eu faço pelos seus abusos, em cada gesto impaciente que a gente esquece minutos depois de perceber que o nosso amor simplesmente existe e basta.

É assustador nos ver longe um dia. Se te sufoca a ideia, em mim soaria absurdamente dramático se eu fosse traduzir a sensação que meu peito sente. Você se tornou parte de mim, aquela tão preciosa quanto uma caixinha com a bailarina de ouro. Construiu lembranças, entrelaçou carinhos, pintou de amor cada volta enquanto eu simplesmente te permiti que abrisse uma caixa que eu mantinha fechada em segredo por alguns anos. Você me permitiu sentir de novo o quanto é grande ser especial e o quanto se perde ao se esconder.

Dentro de mim, você permanecerá grande. Quando você se for, você permanecerá intenso. E quando restar alguma dúvida, você lembrará que nosso amor simplesmente existe e basta.

Texto de Patrick Moraes