quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Desaprendendo


"The past is on the cutting room floor, the future is here with me. Choose me!"
Smash


Sentei cheio de palavras e com uma confusão de sentimentos em frente ao papel amassado de ontem à noite e descobri que de repente desaprendi um mundo de coisas. Desaprendi como é seguir todos os dias passos solitários e determinados, que sempre rumam em uma direção com poucos desvios. Desaprendi a sonhar com outros amores que ainda não pousaram por perto, mas que estão chegando de algum jeito mítico e especial. Desaprendi a escrever em papéis amarelos borrados levemente de caneta por algum pensamento descuidado.

Respirei fundo e olhei para a tela toda branca em minha frente e uma barrinha piscando. Fechei a tela e resolvi arriscar construir um palácio de palavras em qualquer encontro trivial de conversas. Desaprendi o que era sorrir com os olhos, mas logo tratei de reaprender o que era fechar os olhos envergonhado por tamanha troca de bobeiras charmosas e casuais.

Ainda me sinto incapaz de reaprender a construir outro amor todo cheio de entrega como desenhos rabiscados de caneta vermelha. No fundo, não sei por quanto tempo devo permanecer tentando segurar você dentro de mim. Acho que desaprendi a ter noção de tempo desde o dia em que segurei sua mão pela última vez e te vi partir pela porta do meu carro. Desde lá, vim aprendendo a seguir sozinho, com um nó no coração que vai folgando todos os dias pelos afetos ao redor. Com todos nossos meio sorrisos desenhados com pincel de uma aquarela bem novinha, preciso que você vá.

Por mim, por você. Pelo que a gente escreveu até hoje sobre nosso amor.

Texto de Patrick Moraes

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Primeiro de janeiro


There's no other love just like this. [Rihanna]

Aquele dia meu coração resolveu escrever uma carta de despedida. É. Daquelas que a gente engole o choro e pede inspiração para saber a palavra certa para começar. Não existia certeza de nada que não fosse o amor. Minto. Existia a raiva do destino, que simplesmente atiçou no vento a única coisa que eu tinha construído com paciência e dedicação. Mesmo assim, escrevi.

"Você foi o que eu mais amei nos últimos meses e o que eu levarei todos os dias do próximo ano. Um ano que já vem pintado de cinza. Sem tons. Sem vida. Sem você."

As lágrimas simplesmente se misturaram com o sorriso que fingi. Por impulso, trai aquele coração amargurado, saudoso e impaciente. Sai correndo e me atirei no escuro de um lugar que foi nosso. Desisti. Eu tinha sido o mais fraco; eu tinha sido simplesmente aquele que soltou a corda da paciência e partiu o que chamamos de 'nós dois'. 'Nunca' poderia ser o advérbio-consequência daquela noite. Desde então, meu coração nunca mais me perdoou.

Na manhã seguinte não fez sol.
Na manhã seguinte, você se escondeu.
E na outra e na outra e na outra.

Um belo dia, me lembraram que nem sempre o destino acompanha o roteiro do coração. Nesse dia, despi o luto, a alma e as lágrimas. Minutos depois, vesti um sorriso, uma nova crença e a saudade. Aquele dia fez sol. Foi aí que eu descobri que, ainda assim, você continua fazendo sombra na parte que eu traduzi em mim como amor.

Texto de Patrick Moraes