quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Primeiro de janeiro


There's no other love just like this. [Rihanna]

Aquele dia meu coração resolveu escrever uma carta de despedida. É. Daquelas que a gente engole o choro e pede inspiração para saber a palavra certa para começar. Não existia certeza de nada que não fosse o amor. Minto. Existia a raiva do destino, que simplesmente atiçou no vento a única coisa que eu tinha construído com paciência e dedicação. Mesmo assim, escrevi.

"Você foi o que eu mais amei nos últimos meses e o que eu levarei todos os dias do próximo ano. Um ano que já vem pintado de cinza. Sem tons. Sem vida. Sem você."

As lágrimas simplesmente se misturaram com o sorriso que fingi. Por impulso, trai aquele coração amargurado, saudoso e impaciente. Sai correndo e me atirei no escuro de um lugar que foi nosso. Desisti. Eu tinha sido o mais fraco; eu tinha sido simplesmente aquele que soltou a corda da paciência e partiu o que chamamos de 'nós dois'. 'Nunca' poderia ser o advérbio-consequência daquela noite. Desde então, meu coração nunca mais me perdoou.

Na manhã seguinte não fez sol.
Na manhã seguinte, você se escondeu.
E na outra e na outra e na outra.

Um belo dia, me lembraram que nem sempre o destino acompanha o roteiro do coração. Nesse dia, despi o luto, a alma e as lágrimas. Minutos depois, vesti um sorriso, uma nova crença e a saudade. Aquele dia fez sol. Foi aí que eu descobri que, ainda assim, você continua fazendo sombra na parte que eu traduzi em mim como amor.

Texto de Patrick Moraes

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