sábado, 7 de dezembro de 2013

Próximo passo



Foi quando sentou na beira da estrada – naquele caminho tão distante quanto o horizonte dos seus desejos – e respirou tão fundo que deu para ouvir o soluço do coração. Parecia desesperadamente assustado e entusiasmado, tudo ao mesmo tempo, como uma daquelas misturas mágicas que parecem estourar em frente aos olhos de uma criança. Sentiu uma espécie de ameaça com tantas incertezas, era o desespero do “se” mais uma vez chegando. Ainda assim, tinha espaço para toda possibilidade apaixonante de segurar cada floco de sonho que parecia estar perto, mesmo que pairando no céu. 

Sentou no cantinho da janela e sorriu. Todas as estrelas daquele céu, que anos atrás era o mais desconhecido manto que cobria seus passos, agora emanavam um brilho de lembranças. Parecia contar os casos mais bonitos com direito a suspiros e lágrimas. Cada pequeno brilho era como uma peça se encaixando e formando um universo estrelar de recordações, de olhares sinceros, de corações divididos, de uma saudade que ainda não era bem saudade doída, mas saudade que chegaria em breve.

Já não sabia se queria ir, muito menos se deveria se apegar a ideia de ir. Queria outro céu para tantas noites de solidão, poesias cotidianas e sonhos de menino. Mas tinha medo que o outro céu viesse com tanto sol que ardesse. Sempre quis coração abrigado, mas também tinha medo de ser gente grande quando era preciso provar que, para ser gente grande, a dose de coragem deveria ser maior que a de vontade. E se o caminho fosse longo, o próximo passo parecia estar perto. 

Sorrateiro e decididamente a fim de confrontar todas suas coragens e medos, o destino vem vindo. Se apronta, dá um jeito na bagunça do seu cabelo e vai de coração livre. Na vida, menino, gente grande foi feita para voar!

Texto de Patrick Moraes

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